Vacina HIV/VIH – um bem público para corrigir um erro global

Por Michel Sidibé


30 de setembro de 2009.

O primeiro desafio é o acesso e a disponibilidade de recursos. O tratamento antiretroviral está disponível desde 1996, mas o real acesso ao mesmo começou apenas quando houve pressão pública aos líderes mundiais e os preços dos medicamentos começaram a cair. Hoje em dia, ativistas na luta contra a Aids/SIDA repetem esses esforços para reduzirem os preços, desta vez, para os antiretrovirais de segunda linha. É inaceitável que 98% das mulheres grávidas em países desenvolvidos podem acessar o tratamento profilático ao HIV/VIH para evitar a transmissão do HIV/VIH aos seus bebês, quando apenas pouco mais de 33% das mulheres grávidas em países em desenvolvimento podem fazê-lo.A notícia coincide com a Assembléia Geral das Nações Unidas realizada essa semana e durante a qual o Secretário Geral nos lembrou “nosso compromisso com a equidade” e onde eu apelei para vários Chefes de Estado comprometidos com a promoção da equidade que insiram em suas agendas a equidade na resposta à Aids/SIDA. Não podemos permitir que os custos impeçam as pessoas de terem acesso a uma vacina.O segundo desafio é criar as condições adequadas para uma aceitação massiva de uma vacina. Uma vez mais, mulheres e meninas não são capazes de tomarem suas próprias decisões sobre sua saúde e educação. Muitos homens e mulheres não buscam a testagem ao HIV/VIH por medo do estigma e da discriminação. Pessoas sem vozes – profissionais do sexo e seus clientes, usuários de droga injetável e homens que fazem sexo com homens – são constantemente excluídos dos programas de saúde e de bem-estar social. Esperamos que a sociedade civil continue a quebrar as barreiras que dificultam a aceitação de uma vacina.O terceiro desafio está na criação de sistemas de saúde capazes de fornecer a vacina. Atualmente as clínicas estão orientadas à imunização de bebês e crianças. Os maiores benefícios de uma vacina anti HIV/VIH serão obtidos provavelmente vacinando os jovens e as pessoas mais expostas ao HIV/VIH do atual estudo de coorte. Se fracassarmos em fazer chegar a vacina aos adolescentes representará outro fracasso que é o de acabar com a coluna vertebral da epidemia. Não há tempo para complacência em nossos esforços para deter as novas infecções pelo HIV/VIH. O mundo precisa de uma forte campanha de prevenção do HIV/VIH que esteja embasada em dados e fincada nos direitos humanos. É chegada a hora de acabar com a discriminação, as más leis e as normas sociais perniciosas que alimentam a transmissão do HIV/VIH.Durante as próximas semanas, cientistas e líderes mundiais devem se conscientizar desses desafios e compreender as implicações dos resultados do estudo tailandês. Ainda faltam anos, ou décadas para uma vacina “pronta para uso”, porém, quando estiver disponível, deverá ser financiada como um bem público e que esteja acessível para todos. De que outra maneira podemos por um fim nessa epidemia?

Diretor Executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids UNAIDS
AVANÇO NO ESTUDO GENÉTICO DO VÍRUS DA AIDS

03/09/2009

A Revista Veja, do dia 12 de Agosto de 2009, traz uma reportagem sobre um estudo dos genes do vírus da AIDS.
Diz que, Cientistas da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, anunciaram superação de mais um obstáculo na luta para entender o funcionamento do mortal vírus da AIDS.
Eles conseguiram decodificaram a estrutura completa do genoma do HIV-1; a variante mais disseminada do vírus da doença; responsável por 70% dos casos fatais.
O que isso significa? Como todo ser vivo, o vírus da AIDS tem seu funcionamento e metabolismo comandados por genes, às unidades fundamentais da hereditariedade formadas por uma cadeia de moléculas orgânicas.
Cada gene determina, sozinho ou em combinação com outros, as características de cada espécie (da cor dos olhos nos seres humanos à capacidade de mutação), no Caso do HIV-1.
Já havia sido decifrada a sequência genética do HIV-1, ou seja. A ordem em que os genes se enfileiram. Os cientistas da Carolina do Norte deram o passo seguinte. Eles conseguiram visualizar a maneira como os genes do vírus da AIDS se acomodam em seu berço genético.
Sabe se que, do ponto de vista do tratamento da doença a descoberta pouco significa, mas acreditamos que as pesquisas possam continuar e com isso mais portas poderão se abrir para mais tarde, enfim poder abrir a porta da cura desta doença que afligem vários irmãos nossos.

Eduardo Ribeiro Gonçalves
Diocese de Miracema do Tocantins